sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Trabalho provoca doenças reumáticas a 5,9 por cento dos portugueses


Estudo apresentado nas Jornadas Internacionais do Instituto Português de Reumatologia

O primeiro estudo epidemiológico sobre a prevalência de lesões músculo-esqueléticas relacionadas com trabalho (LMERT) conclui que 5,9 por cento dos trabalhadores portugueses (24 269 casos) têm lesões clinicamente relevantes, segundo o seu médico de trabalho.


No ramo da construção civil prevalecem as lombalgias
No ramo da construção civil prevalecem as lombalgias

Estes resultados foram apresentados hoje nas Jornadas Internacionais do Instituto Português de Reumatologia (IPR), na sua 17ª edição, pelo seu autor principal e médico reumatologista do IPR, Luís Cunha Miranda, e por Jaime Branco, Coordenador do Programa Nacional contra as Doenças Reumáticas.

O estudo recolheu dados através de um questionário enviado aos médicos do trabalho de 515 empresas, que trabalham com 410 496 trabalhadores, o que representa 11 por cento da população activa em Portugal.

Existe evidência de que alguns trabalhos podem causar lesões músculo-esqueléticas. Dessas lesões resulta o absentismo laboral e a incapacidade, bem como o decréscimo da produtividade.

A lesão mais prevalente foi a lombalgia (2,27 por cento, 38,4 por cento), seguida de outras raquialgias: cervicalgia (1,13 por cento, 19,2 por cento) e dorsalgia (0,82 por cento, 13,9 por cento).

As demais lesões identificadas reportam-se ao membro superior, com mais casos de tendinite do ombro (0,6 por cento). No total as raquialgias ou patologia da coluna vertebral são responsáveis, neste estudo, por 74,9 por cento das LMERT relevantes.

Trabalhadores da indústria automóvel estão mais sujeitos <br> a lesões nos membros superiores
Trabalhadores da indústria automóvel estão mais sujeitos
a lesões nos membros superiores
Na análise realizada à distribuição da prevalência por sectores de actividade conclui-se que, nos ramos de Construção Civil, Indústria Metalo-Mecânica e «Outra Indústria» prevalecem as lombalgias, enquanto na Indústria Automóvel, de Montagem de Componentes Eléctricos e Electrónicos e, «Outra Indústria» são mais prevalentes as lesões nos membros superiores, designadamente, a tendinite do ombro e do punho, devido à especificidade da natureza das condições de realização do trabalho.

A prevalência das lesões aumenta com a idade e varia entre sectores económicos de actividade e profissões. Neste estudo, evidenciou-se que os trabalhadores com idades próximas dos 40 anos, sentem mais problemas, sobretudo ao nível do segmento coluna cervical e ombros, do que os operadores mais idosos.

Com a idade, os trabalhadores desenvolvem estratégias operatórias que permitem realizar o seu trabalho com menor custo, protegendo-se ergonomicamente do risco de exposição.

“A identificação dos trabalhadores em risco e o reconhecimento precoce de sintomas afiguram-se como estratégias essenciais para a prevenção de lesões músculo-esqueléticas, bem como a implementação de um sistema de monitorização e vigilância, com suporte em avaliações clínicas, para obter um cenário mais actual da realidade nacional”, defende Luís Cunha Miranda.

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